Encantar x Espantar

 As pessoas gostam do que espanta, do que encanta mas estão cada vez menos encantáveis menos espantáveis. Se algo não for absurdo, horrendo, impactante, assustador ou extremamente extremo e rápido, não é digno de nossa atenção principalmente na internet.

Com a música não é diferente, porém existe muita arte na complexidade também, observamos as sinfonias, as sonatas, os concertos, os álbuns inteiros, video-clipes, a obra total de um artista, quanta arte, quanta música de tirar o folego, paramos e pensamos: como é possível um ser humano produzir isso? 

Algo tão belo, sublime, uma obra tão completa, versátil, e atualmente ainda admiramos a tecnologia, e as incríveis técnicas empregadas em toda a performance de um artista, de uma produção.

A complexidade certamente faz parte da arte, faz parte da vida, a própria criação é uma obra de arte cheia de detalhes, e as criações humanas são esplendidas desde as engenhosas construções ás descobertas laboratoriais.

Porém, em meio a tantas invenções e belezas estonteantes, nos perdemos em lembrar que a simplicidade é último grau de sofisticação e que na verdade tudo é relativo pois, o que parece complexo a um pode ser simples para outro, sendo que na análise final de tudo o que nos cerca, concordamos que a beleza não depende de nada, pois esta também é relativa.

Esquecemos que existe um ponto comum onde encontramos o essencial a alma e esta fica em paz, mas que também existe um conflito: nos concentramos em provar que conseguimos ir mais longe do que fomos ontem, do que as pessoas vão geralmente perto de nós ao mesmo tempo em que focamos nossa atenção em cenas horrendas, notícias sensacionalistas, fast food, e por aí vai... uma dualidade que contempla a complexidade por competição e o assustador por insatisfação. Por fim é uma busca incessante e estressante, jamais chegaremos a perfeição e sempre estaremos muito cansados.

Embora seja necessário evoluir e percorrer caminhos de dedicação e estudos, conhecer, informar-se e preparar-se para os desafios da vida pois em cada situação nos conhecemos melhor e temos a chance de nos tornamos seres humanos melhores, isto é, se não nos perdermos na vaidade, e se não confundirmos o essencial com o trivial. Encontrar o equilíbrio, fazer algo com verdade e coração aberto, é a premissa para ser feliz mesmo que a vida apresente seus percalços. 

Trazendo para a arte, não faça nada sem uma entrega genuína, não estou falando de horas de estudos ou dedicação integral, mas sim de ter uma atividade que vai te ajudar a se conhecer um pouco mais, vai te levar a abençoar outras pessoas, vai te abrir portas de sucesso e paz. Sendo por aí sua motivação, distante de qualquer outra inquietude humana que te distancia da verdadeira Arte.

Num show a plateia canta em coro, e uma energia maravilhosa toma o lugar. Isso acontece muito mais quando a música possui um refrão forte, impactante, com significado, e fácil de aprender, as pessoas se emocionam, cantam, gritam e choram, se lembram de amores, de momentos, sentem alegria e saem renovadas ao final. Tudo porque uma simples melodia mexeu com elas, no fim, não precisamos de muito, só precisamos de algo que nos toque profundamente.

Luz para todos.

Keidma