No Name

Existem no mundo muitas pessoas que trabalham com arte e música. Mas elas não tem nome. São anônimos, simples trabalhadores que almejam um dia serem reconhecidos como artistas, desejam encontrar a oportunidade perfeita para se tornarem perante a sociedade como verdadeiros profissionais da música, e então chegarem ao climax de suas carreiras.

Tão corridas, sofridas e esquecidas no anonimato de uma vida inteira de dedicação em estradas da vida, escolas de música, ao longo de eventos sociais, bares, restaurantes, e demais palcos possíveis.

E nessas idas e vindas da vida, não ganha-se muito mas na maioria das vezes dá para viver, compra-se carro, roupas legais, tira férias, ás vezes passa perrengue, mas sorri, canta, pula, chora, vive momentos onde a arte é o combustível, o alimento e o alento.

Faz-se amigos, inimigos, perde momentos em família, feriados, mas ganha-se olhares esperançosos, marejados, emocionados, encantados. E a sensação de ganhar fãs é impar, recompensadora, estimulante. Saber que pode mudar e marcar o momento ou a perspectiva da vida de alguém é arrebatador.

Ao passo que o contrário a tudo isso é o fim, o deserto, um oceano profundo de solidão.

Se enfadam, se adaptam, se regeneram rapidamente.

Sim os artistas são intensos, oscilantes, temem e tremem o público, as câmeras, o palco mas não se aparta deles e como um imã são atraídos denovo e denovo, desistem e recomeçam inúmeras vezes. Mas não diga que são loucos, pois são normais, este é o normal deles.

Por entre todo este mar de emoção se casam, trabalham, cuidamos de suas famílias, criam seus filhos e mantém atividades variadas. Servem a sociedade com seus bens e serviços todos os dias, entregam sua dedicação sem muitas vezes não receber nada em troca, ou em algumas, aplausos.

A diferença de ser quem são, é a chama que nunca se apaga, a inconformidade que só cresce, o desejo de alcançar algo além de si mesmos que nunca cessa, a esperança de que a qualquer momento tudo pode mudar e o fato de que se você não está no topo você não é artista.

O artista vive provando a família que é feliz fazendo o que faz, à sociedade que é inteligente e necessário, a si mesmo que é único e sua arte especial, apesar de sempre poder melhorar.

Eu não direi neste texto para que você valorize algum artista que por ventura conheça, não escrevo este texto para você lembrar das vezes que disse a um desses que devia arrumar um emprego de verdade, não escrevo para você lembrar que bom mesmo é a versão original e que cover é uma droga geralmente, nem para você lembrar do dia que não quis pagar o couvert, também não precisa comparecer ao show dele se não quiser, muito menos comprar ingressos por dó. 

Escrevo para você lembrar de quando uma música te consolou, quando se apaixonou por alguma banda, lembrar, do seu amigo que tocava violão, da sua amiga que cantava e alegrava todo mundo, só escrevi para você pensar em quantas lives assistiu na quarentena, e no casamento da sua prima que foi cancelado. 

Mas na verdade nada disso importa, é a vida, só queria que soubessem que existem artistas sem nome espalhados por aí, assim como existem professores, escritores, enfermeiros e por aí vai. Considerando que estes outros a sociedade não endeusa em nenhuma circunstância.

Entretanto nada pessoal, são apenas informações.